As compras motivadas pelas redes sociais não são novidade. Quase dois terços dos consumidores dizem que já compraram algo por uma rede social, de acordo com uma pesquisa da Accenture com mais de 10 mil usuários globais.
O popular hashtag #TikTokMadeMeBuyIt (o TikTok me fez comprar isso) foi clicado mais de 18,5 bilhões de vezes, e a média de uploads diários no YouTube com as palavras “Shop With Me” (Compre Comigo) no título aumentou mais de 60% em 2021, em comparação com o ano anterior.
Anteriormente, os consumidores deixavam essas plataformas para concluir suas compras, usando links para sites como o da Amazon, mas as redes sociais querem que a transação ocorra dentro do aplicativo, assim podem receber uma parte da receita. A Amazon, a força dominante no comércio eletrônico, agora está cortejando grandes influenciadores para obter uma parte das compras ao vivo.
“Basicamente, vemos o YouTube como um lugar onde a atividade de compras ocorre há muito tempo, e nosso objetivo é (…) tornar essa atividade mais simples e natural”, diz David Katz, vice-presidente de gestão de produtos do YouTube Shopping.
Recursos que permitem aos usuários clicar em links de produtos enquanto assistem a uma transmissão ao vivo no YouTube estão disponíveis no Reino Unido e nos Estados Unidos, onde Katz admite que ainda está em “fase experimental”. A interação com as ferramentas nesses países está mais atrasada que em outros como Coreia do Sul, Brasil e Índia.
“Ainda é muito cedo para tirar conclusões”, acrescenta Katz. “O comportamento é mais avançado em alguns mercados. Teremos que aprender se existem diferenças intrínsecas ou se é simplesmente questão de desenvolver a compreensão e o entusiasmo do usuário.”
Um evento de livestreaming no YouTube no ano passado apresentou o chefe Gordon Ramsay mostrando aos espectadores como preparar um jantar festivo usando “sua linha de panelas preferida”, que os usuários podiam comprar clicando nos links do vídeo. O evento de uma semana gerou 2 milhões de visualizações ao vivo –uma pequena proporção dos 2 bilhões de usuários do YouTube–, e Katz o considera um sucesso.
YouTube, TikTok e Instagram dizem que as compras ao vivo são um recurso nascente, e nenhuma forneceu números sobre as vendas ou receitas geradas por meio de livestreams.
As estimativas dos funcionários do TikTok sugerem que a empresa está oferecendo o recurso a preço de custo, com algumas transmissões ao vivo resultando em vendas zero, enquanto uma pessoa informada sobre o teste do Instagram diz que não está conseguindo gerar vendas significativas.
“Nossa esperança é que o comércio continue sendo uma oportunidade para os criadores ganharem uma vida sustentável –seja por meio de parcerias de conteúdo de marca ou de suas próprias linhas de produtos”, diz Ashley Yuki, codiretora de produto do Instagram.
A Meta, que interromperá as compras ao vivo em sua plataforma Facebook a partir de outubro para se concentrar em vídeos curtos, está avançando com o recurso no Instagram. Seu foco é “acertar a experiência” nos EUA antes de lançá-lo em outros mercados, diz Yuki.
Uma série de investigações do Financial Times revelou que o TikTok Shop não conseguiu ganhar força desde o lançamento no Reino Unido no ano passado, seu primeiro mercado de compras ao vivo fora da Ásia.
Funcionários falaram sobre um choque cultural com a proprietária chinesa da empresa, ByteDance, nas tentativas de trazer seu modelo de comércio eletrônico –e práticas de trabalho– para os mercados ocidentais. Empregados sediados em Londres, reclamando de más condições e metas irreais, demitiram-se em massa e o chefe do departamento foi substituído depois de dizer aos colegas que não acreditava em licença-maternidade.
O início lento no mercado do Reino Unido contrasta fortemente com as compras ao vivo na China, onde é um setor maduro e estabelecido em plataformas como Taobao, Pinduoduo e Douyin. Este último, o aplicativo irmão chinês do TikTok, teve um aumento de 300% nas vendas ano a ano, com usuários comprando mais de 10 bilhões de produtos –provando que pode ser um negócio lucrativo.
As plataformas na China, no entanto, são suportadas por um sofisticado ecossistema de comércio ao vivo que envolve agências de talentos dedicadas, cursos especializados para apresentadores de lives, além de estúdios, empresas de iluminação e produção.
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matéria: folha